Sangue azul em minha casa


Como qualquer Ridgeback, quando está cá dentro quer ir lá para fora, e quando está fora quer vir para dentro de casa ; por isso a primeira zona de conforto na semana inicial do Lord em minha casa foi a cozinha com as portas abertas, a da rua e a do corredor.

Na 1ª noite fiz-lhe festinhas até às tantas, apaguei a luz e fechei as portas. Deixei-o a gemer. Eu sei que dói, mas vai sarar. Fechei também a porta do meu quarto para não ouvir. Eu sei que dói. De madrugada chegou o Rui, e levou-o lá fora. E chorou baixinho. Depois veio a Xana e ele foi lá fora. E chorou baixinho. Pois. Eu sei que dói.
Na 2ª madrugada que passou em minha casa sujou a cozinha. Não é doença que se veja. É o stress da mudança. Pois. Eu sei que dói ...

Mais asneiras ? Não senhor.
O cão é um lord.

Não alça a perna nos locais proibidos onde o meu Ziggy teimosamente urinava: gradeamentos, patamares, entradas e tapetes ou roupa a secar.
É muito obediente.
Já analisei a reacção dele às bicicletas, à malta que entra e sai, aos carros que param, aos gritos de crianças a brincar na relva ao lado.   5 estrelas



De partir o coco a rir têm sido as reacções da nha Pucca :
O Lord brinca com a bola, ela tira-a e põe na cama dela ...
O Rui acaba o iogurte e brinca com o Lord que quer roer a tampa ... ela vai buscar!
Dei-lhe uma mantinha de xadrez ... ela deixou a cama dela para estrear a manta .
LOL lol e duplo LOL


No Verão, um só patamar não chega para 2 leões da Rodésia !

Crónica para Gambelas

   Há cerca de duas semanas tive visitas, um casal de gente de bem (expressão usada pelo meu pai quando tínhamos que ir a casa de estranhos com propósitos honestos...), que viajaram mais de 500 kms para me darem a confiar um tesouro. Eles sabiam o que tinham, também estavam assustados com certas atitudes que se ouvem entre os que supostamente "amam" os animais; quanto ao que vinham ... só tinham um pressentimento, dois dedos de conversa e uma olhadela às patetices desta escrevinhadora.
   Talvez contassem também o facto de a distância matar as saudades, e o que está longe da vista fica perto do coração!
   Em casa, eu sentia-me contraditória, aborrecida mesmo comigo. Uma longa temporada de depressão não tratada, muitos problemas pessoais, muitas dúvidas, época de balanço... e o assumir de um novo compromisso que me tornasse a ligar à casa, à família, aos projectos que irão ser concretizados aqui, desviando-me de qualquer hipótese de fuga!
   Quando disse, a pessoas e na net, que a minha Pucca precisava de companhia, era verdade: ela andava choca, letárgica, dorminhona, pancrácia e palerma.              Como eu !

   Um mostrava-me um cão castanho sem casa, outra perguntava-me se eu queria uma retriever, outros punham-me em grupos para ser FAT de gatos ...

   Ao que vinha o casal que me visitou era e é, tudo o que eu dou à minha família, e o que traziam ... eu não sabia. Estava como numa daquelas situações pós parto que correu bem, que as ecografias não acusavam nada, mas mesmo assim contamos os dedinhos...e passamos a mão...e vemos se os olhinhos estão direitos !

   Apraz-me dizer agora que adoptei um ser com muito bom feitio e que o amo da mesma maneira que amei os que passaram pela minha vida. Os animais continuam a não me decepcionar e de bom grado também constato que ainda há gente de bem neste país.

Obrigada aos dois !